Sobre a Revista

A Revista Enunciação, criada em 2016, é uma publicação oficial, de periodicidade semestral do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (PPGFIL-UFRRJ).

Temos por missão publicar textos de qualidade e relevância escritos por doutores, mestres ou pós-graduandos em Filosofia do Brasil e do exterior. São textos publicáveis artigos originais, resenhas de obras recentes e traduções de clássicos.

Esta Revista oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona maior democratização mundial do conhecimento.

A Revista Enunciação não tem qualquer opção doutrinal ou temática determinada, contudo os pesquisadores responsáveis pelas edições sempre visarão preservar o rigor da linguagem conceitual/argumentativa que deve caracterizar o pensamento filosófico.

Criada por integrantes do corpo docente do PPGFIL-UFRRJ, é vinculada à editora do mesmo Programa e dela compartilha a comissão editorial. Eventualmente, editores externos são convidados para organizar números temáticos.

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Chamada de artigos para o dossiê Mulheres na antiguidade

2023-03-16

Dossiê Mulheres na Antiguidade

 

Ao longo da história da Antiguidade, as mulheres normalmente foram silenciadas, obrigadas a ocupar a sombra, a margem, o interior das casas. No entanto, poetisas, filósofas, guerreiras, oradoras e políticas estão por toda a parte no mundo antigo. O que propomos com esse dossiê é deixar as mulheres da antiguidade falarem por elas próprias para que possamos construir, a partir de suas falas, o retrato de suas ações, de seus argumentos, de suas críticas, do mundo no qual viveram. Enfrentaram muitos obstáculos para ocuparem papeis tradicionalmente destinados aos homens, mas não para falar como um homem e sim para, a partir de sua própria feminilidade, expressar problemas, reflexões, dúvidas e conhecimentos. A Revista Enunciação tem o prazer de convidar a todas e todos que pesquisam sobre mulheres ou personagens femininas míticas e/ou divinizadas no mundo antigo a darem sua contribuição a esse dossiê.

 

Receberemos artigos em português, inglês, francês e espanhol até o dia 22/09/2023 através do site da Revista Enunciação: http://www.editorappgfilufrrj.org/enunciacao.

 

Editoras do dossiê: Alice Haddad e Cristiane Azevedo

Saiba mais sobre Chamada de artigos para o dossiê Mulheres na antiguidade

Edição Atual

Revista Enunciação - v.8, n.1 (2023)
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Dossiê Concepções do humano hoje

 

Se um dia Kant quis sintetizar em uma quarta questão, “O que é o ser humano?”, o sentido de suas três grandes questões (“O que posso saber?”, “O que devo fazer?”, “O que me é permitido esperar”?), o século XX viu a antropologia filosófica perder a ingenuidade da posição de seus problemas. Embora tenha sido um século fecundo para a disciplina (por exemplo, na tradição fenomenológica), foi também a época em que, por diversas razões, se impôs a suspeita sobre a possibilidade de se responder de modo enfático à questão “O que é o humano”. Depois da morte de Deus declarada no século anterior, foi a vez da declaração de morte do homem. Do questionamento teórico do humanismo à desumanização ocorrida na prática, da denúncia do humano como universal ideológico à proposição da identidade interseccional, da crítica ao especismo às aspirações do pós-humano e ao antropoceno como ameaça do fim existencial da espécie: o deflacionamento da pergunta “o que é o humano” e a dessubstancialização do próprio ser humano não interditam, todavia, a disciplina, mas antes a tornam mais relevante. Os desenvolvimentos dos campos do saber cujo objeto é o humano, da antropologia (a ciência social) às neurociências, passando pelos estudos de gênero e raciais, atualizam não apenas a questão sobre o que é o humano, mas também aquela sobre o que ele não é. 

Abrindo nosso dossiê, Maria Cristina Longo Cardoso Dias e Márcia dos Santos Fontes, em “A crítica feminista ao humano universal”, esmiuçam, a partir de pensadoras como Spelman, Saffioti, González e Federici, as implicações ideológicas entre o universal “humano” e a sua parte, o homem, remetendo a formação do conceito de humano ao dualismo hierarquizado entre razão (dita masculina) e corpo (dito feminino).

Em “Castoriadis e a significação antropológica e política da tragédia”, Sérgio Dela-Sávia mostra como a tragédia grega e o imaginário nela consubstanciado inspiram o francês Cornelius Castoriadis em sua concepção antropológica. Dela-Sávia mostra como a consciência da desmesura do homem expressa na tragédia implica na necessidade democrática de impor-se uma lei, instituindo-se a si próprio como anthropos.

Em seguida, Bruno Daemon Barbosa reavalia o embate entre Foucault e Derrida ao redor dos argumentos do primeiro sobre o lugar da filosofia de Descartes na história da loucura. Em “Foucault leitor de Descartes e a crítica de Derrida”, trata-se de verificar se oargumento do cogito é representativo do silenciamento da loucura e da desrazão que desponta na modernidade, ou depende, ao contrário de uma consideração filosófica que as inclui e com elas dialoga.

Paulo Eduardo Bodziak Junior, em “Reflexões sobre medo e esperança em no prólogo de A condição humana”, mostra como Hannah Arendt pensa nossas formas de temporalização a partir daquele par de afetos. Pelo medo e pela esperança, antecipamos de algum modo nosso futuro. As consequências políticas desse fato na época inquieta em que Arendt redige seu livro são o objeto das reflexões de Bodziak.

Em “Questions and problems left by Kant to think about the contemporary crisis of human rationality”, Lucas Ribeiro Vollet passa em revista uma série de questões que considera terem sido deixadas em aberto na epistemologia kantiana, equacionadas pelo autor, mais amplamente, a certas aporias de nosso tempo e a uma crise diagnosticada na racionalidade humana em geral.

Com recurso a Bakhtin e Lacan, Maria Rubia Rodrigues Freitas, em seu “A enformação do sujeito pela palavra amorosa do outro”, destaca as implicações da palavra de amorosa na constituição do sujeito pela linguagem, particularmente na primeira infância. Pensando o amor a partir da dialética maussiana do dom e do contradom, que o projeta para além da noção de desejo, Freitas conclui que “o amor (...) vive dentro da palavra falada”.

Repassando os nove fragmentos de Heráclito onde ocorre o polissêmico termo λόγος e o estado da arte sobre seu significado naqueles contextos, Rodrigo Figueroa Corona, em seu “Heráclito y el logos”, demonstra a complexidade da tradução e da compreensão do vocabulário do Obscuro de Éfeso, legado a toda a tradição filosófica ocidental.

Fechando o dossiê, “Logidion: anatomie d’um “petit discours”, de Marco Donato, examina, por sua vez, as ocorrências da expressão-título, diminutivo de lógos, em Aristófanes, Isócrates e Pseudo-Platão. Donato conclui que a expressão designa, na época clássica grega e no período helenístico, a argumentação capciosa da erística.

Desejamos boa leitura!

editores do número: Luiz Philipe de Caux e Edson Peixoto de Resende Filho

Publicado: 2023-11-11
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