Edições anteriores
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Revista Enunciação - v.7, n.2 (2022)
Dossiê O Belo e as Virtudes
Em nossa sociedade industrial, massificada, preocupada com elementos reprodutíveis, o belo é visto como algo dissociado das ações humanas cotidianas. Estas são entendidas como úteis ou convenientes, enquanto o belo é deslocado para os palcos e salões, isolado de qualquer interesse diuturno. A revista Enunciação publica o dossiê temático O Belo e as Virtudes para se contrapor a essa interpretação e refletir sobre a conexão entre a beleza e as ações humanas. O presente número é composto de oito artigos originais e da resenha do livro de Nelson de Aguiar Menezes Neto: "A poética da mímesis e a composição dos diálogos platônicos", escrita por Luiz Otávio Mantovaneli.
O artigo inaugural da edição é de Francisco José Dias de Moraes: "Kalón, virtude e eudaimonía em Aristóteles". Em seu texto, Francisco enfrenta o desafio de compatibilizar a vida contemplativa com as virtudes éticas. O conceito fundamental para essa junção é o Kálon. Para isto, Francisco utiliza o exemplo emblemático da virtude da coragem, que, numa primeira leitura, revelaria o conflito intransponível entre o prazer que caracteriza as virtudes éticas e a compreensão do perigo mortal que é o fio da espada do inimigo. A solução está no compromisso que o combatente fez com os vivos e na desonra que procura evitar ao se manter firme no campo de batalha.
No artigo seguinte, "O desejo livre em Aristóteles", Juliana Ortegosa Aggio argumenta que o desejo virtuoso, em Aristóteles, caracteriza-se pela plena liberdade. Não há coação ao se desejar o bem. Ao contrário, o desejo virtuoso, como sustenta Aggio, é o desejo mais livre de todos. A coerção se dá por agir em conformidade com uma norma, abstendo-se de sua própria razão; ou quando se busca o prazer. A ação virtuosa é distinta justamente porque nela o prazer e o bem coincidem e não há mera obediência a uma regra.
Em "Pode o virtuoso não agir virtuosamente em Aristóteles?", Reinaldo Sampaio Pereira argumenta, diante do difícil problema da liberdade da ação do agente virtuoso, que a disposição do caráter não necessariamente implica que as ações concordem com tal disposição. Essa leitura não determinista possui a vantagem de evitar o esvaziamento da deliberação e da escolha, elementos fundamentais da ética aristotélica.
Em seu texto, "O belo na virtude da integridade em Aristóteles: réplica ao intelectualismo moral", Brunno Alves afirma que a integridade, diferente daquilo que defendem os intelectualistas, é uma virtude moral, nos termos de Aristóteles, o que a distingue de uma virtude intelectual. A conclusão é que o agente íntegro não age para preservar sua coesão interna, mas em nome da felicidade da comunidade política. O belo que o virtuoso almeja é a integridade da pólis.
Gabryela Schneider Gonçalves sustenta, em "A virtude da justiça e sua relação com o belo", que às virtudes pertencem ao ordenamento humano e não divino. O texto trabalha a relação da virtude da justiça com as leis e como o vício da pleonexia representa um obstáculo para a realização desta virtude. Gabryela explora as implicações políticas para essa noção de justiça, contrapondo-a ao sentido corrente, de origem liberal-democrática, de convivência entre cidadãos atomizados.
Em "Perfeição, emulação e morte: a beleza da vida pelo Amor (Eros) verdadeiro segundo o discurso de Fedro", Pedro Baratieri explora a ideia de “morrer-pelo-outro” a partir do discurso de Fedro no Banquete de Platão. Segundo Pedro, Fedro entende o Eros como uma busca que os amantes empreendem para serem honrados um ao olho do outro, o que os permitiria aperfeiçoar-se continuamente. A análise de Pedro sublinha o elogio que Fedro faz de Eros por tornar a vida bela e como o Eros se relaciona com as ideias de verdade e de justiça.
Messias Nunes Correia recupera o pensamento do filósofo britânico Roger Scruton sobre a centralidade do belo para a realidade como um todo e a existência humana, em particular. Em "O Belo e a Arte: Dor e Consolação na Estética de Roger Scruton", Messias demonstra o mesmo espanto que Scruton diante da arte contemporânea, que rejeita sistematicamente a beleza em nome de uma sociedade caótica e plural.
Em "A Paródia Sublunar: Paul Veyne, seus pensamentos, suas pessoas", Gustavo nos convida a pensar a nossa relação com os autores em geral e questiona a noção de referente. O raciocínio o leva a problematizar o princípio da identidade, ao menos, no que diz respeito à historiografia filosófica. Para isto, Gustavo utiliza o gesto elegíaco apresentado por Paul Veyne.
Por fim, Luiz Otávio Mantovaneli nos oferece uma resenha da obra de Nelson de Aguiar Menezes Neto: "A poética da mímesis e a composição dos diálogos platônicos". Segundo Luiz, a obra de Nelson Aguiar explora a dramaticidade dos diálogos platônicos e traz ao primeiro plano a figura de Platão como poeta.
Espero que os textos publicados nesta edição estimulem os leitores a pensar sobre a centralidade do belo ao longo da nossa vida. Nossas ações só parecem ser compreensíveis quando nos apropriamos dessa noção elevada, nobre, que engrandece a existência. Desejo a todos uma ótima leitura!
organizadores do dossiê: Francisco Dias de Moraes e Mário Maximo
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Revista Enunciação - v.7, n.1 (2022)
Os trabalhos que compõem este segundo volume da Revista Enunciação, e que trazem consigo também o mesmo tema do volume anterior, deixam transparecer uma inquietação radical que atravessa o humano, de maneira a propiciar um diálogo fecundo com o que há de mais arcaico em cada um de nós, a saber, a possibilidade da linguagem. Diante disso, atravessados pelo tema, o propósito dos textos que se seguem é simplesmente o de promover uma aproximação com as questões extraídas dele mesmo, visando um acontecimento a partir do qual a própria linguagem, desde a pergunta pelo seu sentido (ou pelos seus sentidos), possa permitir um encontro em que a simplicidade de seu aparecer venha à fala.
Editores responsáveis pelo número: Affonso Henrique Vieira da Costa e Gilvan Fogel
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Revista Enunciação - v.6, n.2 (2021)
Os trabalhos que compõem este volume da Revista Enunciação, que o leitor tem agora em mãos, versam sobre um tema inquietante, articulado desde os primórdios do pensamento, com o sentido mais próprio do que é o homem. Trata-se de ir ao encontro do que é a linguagem. As perspectivas das quais eles partem não se assentam em nenhuma espécie de cientificismo, antes procuram do tema se aproximar, não o isolando, como se estivesse fora do mundo, mas sabendo, no percurso de seu desenvolvimento, das imensas dificuldades que ele impõe quando verdadeiramente se intenta pensá-lo. Diante disso, fica por suposto, que, com os trabalhos aqui dispostos, o propósito não é, de maneira alguma, dar conta do problema – isso é impossível e apenas tal intenção já incorreria numa desmedida sem par –, mas, sobretudo, propiciar uma aproximação e um debate em torno do mesmo a partir da pergunta simples, porém decisiva: Que é a Linguagem?
Editores responsáveis pelo número: Affonso Henrique Vieira da Costa e Gilvan Fogel
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Revista Enunciação - v. 6, n.1 (2021)
Atualmente, postula-se que a humanidade tenha se tornado uma agência geológica devido ao alcance de nossas ações via tecnologia, vivemos a Era do Antropoceno. Nossa situação é marcada pela constatação do possível comprometimento das condições de existência e manutenção da teia da vida no planeta, caso continuemos a nossa marcha de consumo depredador e de emissões de gases de efeito estufa. A aniquilação massificada da vida já é uma realidade, se considerarmos o fato de vivermos a sexta extinção em massa, que tem como causa a ação humana. No dramático cenário contemporâneo, o pensamento de Hans Jonas se mostra profícuo justamente por trazer reflexões filosóficas sobre as modificações do poder de ação humana via técnica moderna e a necessidade de se pensar uma ética que corresponda ao novum da tecnologia contemporânea. Além disso, Jonas nos propôs uma compreensão do fenômeno da vida que reconhece a dignidade de todos os viventes, ao mesmo tempo que concebe o ser humano como parte de um sistema maior que deve ser preservado para que haja vida humana e não humana no futuro. Os autores e autoras do presente dossiê são pesquisadores e pesquisadoras especialistas no pensamento do filósofo, os quais fazem parte do GT Hans Jonas na ANPOF e do Grupo de Pesquisa Hans Jonas do CNPq.
Editora responsável pelo dossiê: Michelle Bobsin Duarte
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Revista Enunciação - v. 5, n.2 (2020)
Um dossiê que verse sobre filosofia africana, relações étnico-raciais e estudos decoloniais e pós-coloniais, insiste em perguntar, não exatamente, “o que é a filosofia?”; mas, “o que pode a filosofia?” Ou ainda, quais as potências da filosofia que promovem a descolonização do pensamento? Como a filosofia tem dialogado com as outras areas do campo das Humanidades? Para enfrentar essas perguntas, foi organizado o presente dossiê, após o encontro de três pesquisadores interessados em problematizar algumas convicções do pensamento colonial, em diálogo com a filosofia. Reuniram-se então, Renato Noguera, doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), professor do Programa de Pós-Graduação em Filosofia (PPGFIL) e do Programa de Pós-Graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares (PPGEduc) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Sergio Luis Nascimento, graduado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC/PR (1998), mestre e doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná. Atualmente exerce docência pela Secretaria Estadual de Educação do Paraná e na Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC/PR; Alexandre de Oliveira Fernandes (Alexandre Osaniiyi), Doutor em Ciências da Literatura (UFRJ) e professor de Língua Portuguesa e Literatura do IFBA, professor do Programa de Pós Graduação em Relações Étnico-Raciais (PPGREC) da Universidade do Sudoeste da Bahia (UESB) e do Programa de Pós-Graduação em Letras, Linguagens e Representações (PPGL) da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), onde desenvolve e orienta pesquisas nas áreas de Literatura, Gênero, Estudos Queer, Culto aos orixás, Epistemologias Dissidentes.
Por ocasião de conversas a respeito dos impactos do pensamento de Frantz Fanon nos rumos da filosofia, decidimos reunir alguns artigos que de modo direto ou indireto pudessem articular de modo interdisciplinar, transdisciplinar ou multidisciplinar a filosofia Africana com estudos decoloniais e/ou pós-coloniais e as relações étnicoraciais.
Alexandre de Oliveira Fernandes
Renato Noguera
Sergio Luis Nascimento
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Revista Enunciação - v. 5, n.1 (2020)
Stásis é uma palavra de difícil tradução. Difícil não perceber quão insuficientes são as traduções usuais por “revolução”, “discórdia”, “dissensão”, “guerra civil”. O pensamento político grego, de Tucídides a Aristóteles, passando por Platão, sempre relacionou o termo stásis a um momento decisivo na pólis: origem de mudanças e de violência que atingiriam a todas as vidas na comunidade política. Em razão disso, ainda que se tratasse de um péssimo governo, a ruptura representada pela stásis foi sempre recusada, como alternativa política válida, pelos pensadores antigos. Recentemente, graças aos estudos da historiadora Nicole Loraux, o termo tornou-se objeto de renovadas reflexões, motivadas pelo revisionismo histórico, que enxergou na stásis o equivalente positivo da luta de classes e do anseio revolucionário das classes populares por igualdade, no sentido de uma crescente democratização. Filósofos contemporâneos, como Giorgio Agamben, inspirados pelos trabalhos da historiadora, empreenderam novas tentativas de elucidação do fenômeno, em diálogo com filósofos modernos, como Thomas Hobbes, e teóricos da política, como Carl Shmitt. O interesse pelo tema, para nós brasileiros, vai muito além de um interesse meramente historiográfico. Procuramos nos pensadores gregos elementos que nos permitam compreender a realidade perturbadora que vivemos hoje, marcada pela deterioração da democracia e pela escalada de práticas e discursos de caráter assumidamente autoritário. Quem pensa diferente de “nós” logo é encarado como o inimigo a ser aniquilado, “cancelado”, e não como o adversário de quem podemos perfeitamente divergir. Por outro lado, em tempos de stásis, parece aumentar enormemente a participação política e o anseio por novas formas de representação. Estaremos a caminho de uma maior democratização? É apenas a democracia liberal que entrou em colapso ou estamos vivenciando a derrocada da própria política e sua substituição por um poder autocrático? Podemos dispensar toda forma de concórdia, de amizade entre cidadãos, e substituí-la pelo facciosismo? A questão do bem viver pode ser alijada da esfera das decisões políticas, restando apenas a preocupação com a sobrevivência? A política pode ser reduzida à mera disputa pelo poder entre grupos facciosos ou, para além dessa disputa, podemos pensá-la em conjunto com a promoção das virtudes? A categoria de bem comum tem ainda algo a nos dizer atualmente? Essas e outras questões foram tematizadas e discutidas no evento sobre a stásis promovido pelo PPGFIL/UFRRJ e pelo grupo de pesquisa Zétesis nos dias 27 e 28 de agosto de 2019. O dossiê é o resultado direto do evento e reúne artigos dos pesquisadores que dele participaram, apresentando as suas comunicações.
O presente número da revista Enunciação, que prontamente aprovou a publicação deste dossiê, conta também com a contribuição de artigos submetidos ao fluxo contínuo, razão de publicarmos, na parte final do volume, artigos que nos brindaram com reflexões acerca da relação entre a morte e o sono entre os antigos, sobre a noção de paradigma em Platão e sobre a origem das ideias abstratas nos filósofos empiristas britânicos.
Editores responsáveis: Admar Costa e Francisco Moraes
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Revista Enunciação - v.4, n.1 (2019)
A presente edição da Revista Enunciação traz ao público artigos de participantes do 42os Encontros Nietzsche, o primeiro realizado em uma universidade da baixada fluminense, no belo campus de Seropédica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Organizado pelos professores da UFRRJ Danilo Bilate e José Nicolao Julião, o evento foi promovido pelo Grupo de Pesquisa Humanismo e pelo Grupo de Estudos Nietzsche (GEN). Esta edição publica, além de textos de palestrantes professores doutores já prestigiados no universo brasileiro de estudos nietzschianos, dois textos de mestrandos do PPGFIL-UFRRJ, que apresentaram comunicações no mesmo evento, o que evidencia o caráter democrático do periódico, bem como a opção consciente e engajada de permitir-lhes o acesso ao público que lhes é merecido. Fecha a edição uma resenha sobre a publicação francesa dos poemas de Nietzsche.
A escolha para a capa da gravura renascentista de Albrecht Dürer, O cavaleiro, a morte e o diabo, de 1513 não tem nada de acidental. Muito admirada por Nietzsche, foi por ele dada de presente a Richard Wagner (como demonstra uma carta às suas irmã e mãe de 23 de dezembro de 1870) e a sua irmã, como presente de casamento (como sugere carta a Overbeck de 7 de maio de 1885). Inversamente, foi ele presentado com uma cópia da mesma por Adolf Vischer, pelo que Nietzsche demonstra bastante alegria em cartas à sua mãe (12 de março de 1875), à sua irmã (26 de março de 1875) e, por último, à Malwida von Meysenbug (pouco após 20 de março de 1875), onde ele lembra ter relacionado a figura do cavaleiro a Schopenhauer – e isso, sabemos, em O nascimento da tragédia, §20: “Nosso Schopenhauer foi esse cavaleiro de Dürer: toda esperança lhe faltava, mas ele desejava a verdade”.
De muitas interpretações possíveis – como a mais usual, que a relaciona ao Salmo 23, como o próprio Vischer sugeriu no verso de seu presente –, preferimos compreendê-la como um símbolo de coragem trágica daquele que escolhe enfrentar, altivo, as vicissitudes terríveis da vida. Mais do que uma exortação do amor fati ou do pessimismo da fortitude – Nietzsche a considerava como “símbolo de nossa existência” (fragmento póstumo 9[85] de 1871) –, ela serve para representar, com muita modéstia, a opção por pensar criticamente, a despeito do sombrio contexto histórico que é o nosso. Como as possibilidades de interpretação são variadas, que fique ao caro leitor o convite para sugerir o personagem que quiser tanto à morte quanto ao diabo.
Editor responsável: Danilo Bilate
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Revista Enunciação - v.3, n.2 (2018)
Este volume de Enunciação apresenta artigos de pesquisadores de universidades públicas, nacionais e internacionais. Sua temática tem como foco a filosofia antiga e um de seus desdobramentos na filosofia medieval. No texto de abertura, Alonso Tordesillas investiga as relações entre temporalidade e o acesso à ideia do Belo através do conceito platônico de exaiphnês, em particular no Banquete 210e. O filósofo argumenta que o ‘subitamente’, mesmo sendo um momento distinto em um processo no qual conhecemos algo, não pode ser pensado como separado deste; contrariando assim a interpretação tradicional, que, ao isolá-lo de seu contexto dialógico, o tem como conceito metafísico supremo, ‘fora do tempo’. No texto seguinte, Michele Corradi nos conduz pelos meandros das relações complexas entre literatura e filosofia, ao correlacionar o tipo de comunismo presente na Assembleia das mulheres de Aristófanes e suas relações com a forma de comunismo que Sócrates está propondo na Calipolis para os guardiães na República de Platão. M. Corradi, através de extensa e detalhada análise, nos mostra como a habilidade em criar analogias faz parte de uma ‘estratégia complexa’, ao mesmo tempo, literária e filosófica de Platão. No terceiro artigo, Edson P. de Resende sustenta que o começo da Metafísica 4 a 10-18 de Teofrasto, a aporia inicial da conexão entre sensível e inteligível, bem compreendida, pode indicar também novas pistas para interpretar, uma das muitas frases enigmáticas do livro Lambda, a frase final de Lambda 1. Na quarta contribuição, José Nicolao Julião revisita a clássica passagem da Poética 9 de Aristóteles, onde podemos ler a tese da ‘superioridade’ da poesia em relação à história. Ao fazê-lo, nos convida a repensar a ‘superioridade’ a partir de outro olhar conceitual. No aporte seguinte, Luciano Torcione Serra rastreia todo o campo da filosofia antiga, incluindo seus extremos, de Homero a Agostinho, para acompanhar as variações e oscilações de sentidos do quase-conceito de inclinação. No sexto artigo, Luiz Otávio Mantovaneli, partindo da teoria aristotélica das emoções, busca lançar uma nova luz no Éleos de Aquiles. No sétimo artigo, Lucio Lauro B. Massafferri Salles, a partir de um mapeamento investigativo das ocorrências do phármakon na medicina grega antiga e na ‘retórica’ de Górgias, traça as proximidades entre medicina e filosofia encontradas na Grécia Clássica. Na sequência anunciada, Markos Klemz argumenta que uma leitura fisicalista da relação entre cognição e a modificação fisiológica na sensação, diferentemente da leitura tradicional que se apoia na noção de recepção espiritual, não acarreta nenhum grau de dualismo à teoria tomista da percepção sensível. Este volume traz ainda para seus leitores uma tradução de um artigo de Pierre Aubenque, onde, mais uma vez, ele retorna, com novos argumentos, à tese do caráter aporético da metafísica de Aristóteles.
Boa leitura!
Edson Peixoto de Resende Filho
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Revista Enunciação - v.3, n.1 (2018)
Os trabalhos de todos os que aqui se propuseram a escrever, de alguma maneira contribuindo com as suas exposições aos acenos do filósofo, encontram-se nas margens de Heidegger, em uma aproximação com o texto apresentado por Chuang Tzu em A alegria dos peixes. Dissemos “nas margens” no sentido de uma intro-dução ao movimento de participação de seu pensamento. Se for verdade que homenageamos um pensador pensando com ele, junto a ele, provavelmente os textos aqui dispostos em ordem alfabética possam dizer melhor do que algumas breves palavras de apresentação.
Cabe aqui, ainda, um agradecimento à Prof.ª Dr.ª Márcia Schuback que, ao enviar a fotografia dos peixes junto com seu texto e ao mencionar o poeta/pensador Chuang Tzu, de maneira a trazer para nós a lembrança da grandeza do pensamento de Frei Hermógenes Harada (ofm), falecido em 2009, permitiu que nos apropriássemos dessa sua ideia e compuséssemos a capa de nossa revista.
Editores responsáveis pelo número : Affonso Henrique Vieira da Costa (UFRRJ), Edgar Lyra (PUC-RJ) e Gilvan Fogel (UFRJ)
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Revista Enunciação - v.2, n.2 (2017)
Este número temático da Revista Enunciação reafirma os intentos do Grupo de Pesquisa Humanismo em discutir e apresentar reflexões a respeito da "Filosofia das Luzes" através de artigos de pesquisadores brasileiros e franceses. Nesse sentido, os textos reunidos neste número podem ser divididos, a partir daquele eixo mais geral, nos seguintes ramos temáticos: a questão política, com os textos de Knüfer e Pujol; a questão da mulher, com os textos de Balieiro e Marques-Pujol; a questão da Filosofia, com os textos de Becker e Mota; o pensamento de Holbach, com os textos de Kawauche e Primo; o pensamento de Voltaire, com os textos de Bilate e Métayer e, finalmente; o pensamento de Bayle, abordado no artigo de Gros e com a inclusão da tradução do verbete “Esclarecimento”, escrito do próprio Bayle.
Em tempos difíceis como o nosso, esperamos que o nosso coletivo possa materializar a metáfora estabelecida por Paul Hazard, quando se refere ao pensamento do século XVIII e, dessa forma, represente as luzes não através de um único raio; mas, sim, em um feixe que se projete sobre as grandes massas obscuras que atacam, diuturnamente, a nossa democracia. Agradecemos, então, aos "raios luminosos" que, agrupados nos artigos aqui reunidos, formam o nosso feixe de resistência e, por fim, bradamos, com Voltaire: "Esmagai a Infame!"
EDITORES RESPONSÁVEIS: Christine Arndt de Santana & Danilo Bilate
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Revista Enunciação - V. 2, N.1 (2017)
Este segundo número da revista Enunciação presta uma homenagem ao professor Marcelo Pimenta Marques que nos deixou tão precocemente no ano passado. Para nós, é uma grande honra poder reunir alguns dos professores, amigos e orientandos de Marcelo para lhe prestar esta homenagem que se torna pequena ao pensarmos em tudo que realizou, representa e continuará representando para todos. Marcelo esteve à frente da coordenação do GT de filosofia antiga da Anpof por muitos anos e contribuiu enormemente para o fortalecimento da área no país. Todos que tiveram o prazer de conviver com ele têm, sem dúvida, uma história de cuidado, de atenção, de riqueza intelectual e pessoal para contar. Por trás de seu jeito simples se revelava sempre um grande pensador e uma pessoa sempre generosa, enfim, um exemplo a ser seguido. Para prestarmos esta homenagem, sugerimos aos autores a temática com a qual Marcelo vinha trabalhando nos últimos anos: prazer e amizade.
Editores responsáveis: Cristiane Azevedo e Francisco de Moraes
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Revista Enunciação - V. 1, N.1 (2016)
Neste primeiro número da revista Enunciação, disponibilizamos ao leitor artigos elaborados pelos participantes do colóquio Filosofia e sentido histórico. O colóquio foi uma iniciativa do Grupo de pesquisa Noûs–Estudos de hermenêutica filosófica e de história da filosofia e do PPGFIL/UFRRJ, tendo ocorrido na UFRRJ, campus Seropédica, nos dias 14 e 15 de junho de 2016. Além de professores vinculados ao PPGFIL, mestrandos do programa e bolsistas de iniciação científica, também participaram do evento e enviaram seus artigos os professores Gilvan Fogel, professor titular da UFRJ, que proferiu o minicurso Que é filosofia?, e os professores Écio Elvis Pisetta (UNIRIO) e Ricardo Pedroza Vieira (CPII), que apresentaram palestras ao longo dos dois dias de duração do evento. Os artigos abordam, todos eles, temas relacionados à historicidade da existência humana e a seu modo próprio de constituição. Entre os filósofos abordados de maneira mais direta e detida estão Platão, Aristóteles, Nietzsche, Heidegger e o italiano Gianni Vattimo, além de outros tantos que são mencionados e discutidos oportunamente. Esperamos que tenha ficado visível o amadurecimento e a qualidade da pesquisa filosófica realizada no âmbito do PPGFIL/UFRRJ e a solidez da rede de colaboração com pesquisadores de outras instituições parceiras.
Editores responsáveis pelo número: Prof. Dr. Francisco José Dias de Moraes (UFRRJ) e Prof. Dr. Affonso Henrique Vieira da Costa(UFRRJ).